Artigo de opinião

Publicado em Edição 14

Riscos das energias renováveis

Um futuro mais verde

A Agência Internacional de Energia (IEA) divulgou em 2020 um plano setorial para que os governos estimulem o crescimento económico e reduzam emissões de carbono; esse plano que exigiria um investimento anual de 1 trilhão de dólares pelos próximos três anos, o que equivale a cerca de 0,7% do PIB mundial.

Num estudo realizado em conjunto com o Fundo Monetário Internacional (FMI), a IEA afirmou que a implementação de tecnologias de energia limpa pode ser acelerada com uma integração entre políticas energéticas e as respostas governamentais à crise económica causada pela pandemia do coronavírus.

O plano de recuperação abrange seis setores -chaves: eletricidade, transporte, indústria, construção, combustíveis e tecnologias emergentes de baixo teor de carbono. O plano poderia impulsionar o crescimento económico global em cerca de 1,1 ponto percentual por ano entre 2021 e 2023. O objetivo é direcionar os recursos, além dos projetos de energia renovável, para outros investimentos que melhorem a eficiência energética e que reduzam a emissão de produtos que causam o efeito estufa.

RISCOS DE ENERGIAS RENOVÁVEIS

Face aos investimentos previstos em energia renovável é fundamental a gestão de riscos para o setor, com foco na continuidade dos negócios, prevenção de perdas e na identificação de oportunidades.

Para uma melhor Gestão de Riscos, a empresa deve agir por antecipação, e ter um plano que considere os cenários que de alguma forma podem impactar ou influenciar as operações, visando o tratamento dos seus riscos de forma preventiva ao invés de corretiva. No setor eólico, por exemplo, podem ser observadas algumas particularidades:

  • Desafio no projeto de pás mais silenciosas para turbinas. Prevenção de ruídos e proteção dos pássaros e morcegos que colidem com as pás eólicas. Grupos de pesquisa em energia eólica têm buscado a resolução de problemas comuns a este tipo de matriz energética, como os ruídos e a mortalidade de pássaros e morcegos. O excesso de ruído é um problema para as comunidades vizinhas aos parques eólicos. É como ter um avião sobrevoando a nossa casa 24 horas por dia. E o ruído tende a piorar à medida em que aumentam as dimensões dos aerogeradores;
  • Atenuar as colisões de animais com as pás eólicas. A recomendação nacional e internacional vai no sentido do estabelecimento de parques fora do trajeto de rotas migratórias, o que, segundo a Saab, nem sempre é observado no Brasil.
  • A fadiga dos materiais, a logística e a viabilidade económica são outras questões a ponderar;
  • Elaborar uma lista com atividades e funções na empresa que podem ser impactadas pela sua paralisação;
  • Analisar situações de falhas no fornecimento de energia;
  • Elaborar documentos de manutenção baseado em equipamentos críticos;
  • Garantir que os sistemas de proteção contra incêndio são mantidos em pleno funcionamento, realizando todas as manutenções recomendadas;
  • Listar todas as alternativas possíveis de solução para o caso de uma possível falta de recursos humanos.

Quando pensamos no setor de energia a partir de biomassa, como na produção de Etanol a partir da cana de açúcar ou do milho, os riscos relacionados a incêndio e explosão são significativos. Podemos enunciar os cuidados necessários a observar, desde as plantações que dão origem a matéria-prima (milho ou cana de açúcar), ao Etanol que é extremamente inflamável, assim como aos resíduos que são materiais orgânicos combustíveis.

Face aos investimentos previstos em energia renovável é fundamental a gestão de risco para o setor, com foco na continuidade dos negócios, prevenção de perdas e na identificação de oportunidades

GESTÃO DE RISCOS DE ENERGIAS RENOVÁVEIS

Ao avaliarmos riscos relacionados com energias renováveis observamos que os fatores climáticos têm grande relevância na análise. A produção de eletricidade renovável por exemplo, depende em grande parte da disponibilidade de recursos naturais, já que o clima é o principal determinante da energia hidroelétrica, eólica e fotovoltaica solar, que juntas representam cerca de 90% de toda a geração de eletricidade renovável. Os fornecedores de energia a partir do vento e do sol deixaram de ser coadjuvantes para se tornarem fatores essenciais no atual contexto dessa indústria.

Mas ao falarmos de riscos, não podemos pensar apenas em perdas, mas também em oportunidades. O momento que atravessamos devido à pandemia de Covid-19 tem mostrado uma grande mudança em hábitos de consumo e na forma de trabalho.

Durante os períodos de lockdown pudemos observar uma grande queda no preço do petróleo decorrente da queda no consumo e aumento dos stocks. As pessoas estão a trabalhar desde casa, o que aumenta o consumo de eletricidade e fomenta o investimento para geração solar nas unidades de consumo.

A RCG Herco tem vindo a atuar nos segmentos de Gestão de Riscos relacionados com a Energia Renovável, através de Análises de Riscos Qualitativa e Quantitativa e de Inspeções de Riscos, de forma a mitigar os possíveis impactos que essa atividade pode gerar. Um plano de mitigação de riscos tem como objetivo diminuir o impacto e a probabilidade de ameaças nos negócios da empresa. No caso específico de uma ação corporativa, esse plano deve integrar a estratégia geral e estar aliado à política adotada pela empresa no que diz respeito à prevenção de riscos.

É um facto que estão a surgir novas oportunidades para as energias renováveis. Para que as empresas possam aproveitar este momento sem uma exposição excessiva ao risco, deverão necessariamente estruturar uma política de Gestão de Riscos que permita a identificação, avaliação e tratamento dos riscos que envolvem o empreendimento, e assim permitir que os objetivos, tanto dos empresários, como da sociedade, sejam atingidos.

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AUTORES

Adriana Thom Zimmermann

Adriana Thom Zimmermann

Diretora de Inspeção de Riscos e Seguros - Risk Consulting Group

É Diretora de Inspeção de Riscos e Seguros na RCG. É Mestre em Engenharia Química na área Desenvolvimento de Processos Químicos e Biotecnológicos, pela Universidade Federal de Santa Catarina – USFC. Tem uma pós-graduadção em Engenharia de Segurança do Trabalho, pela SOCIESC – Sociedade Educacional de Santa Catarina em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV).

André Augusto Pfuetzenreiter

André Augusto Pfuetzenreiter

Diretor de Enterprise Risk Management - Risk Consulting Group

É Diretor de Enterprise Risk Management em RCG. É formado em Engenharia de Segurança do Trabalho, pela Universidade Regional de Blumenau e em Engenharia Elétrica pela Universidade Regional de Blumenau.