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Publicado em Edição 16
Promover a diversidade da língua portuguesa
O Museu da Língua Portuguesa foi reinaugurado em 31 de julho de 2021 no coração de São Paulo, maior metrópole brasileira. Nesta nova fase, o Museu – que já recebeu mais de 4 milhões de visitantes – dá mais ênfase à relação com os países da comunidade de língua portuguesa por meio, por exemplo, da recente experiência Nós da Língua.
Essa experiência é uma espécie de enciclopédia digital, na qual, de forma interativa, o visitante pode descobrir a história, a música e a literatura de Moçambique, Angola e Portugal, entre outros. Como afirma José Saramago em frase encontrada nesta instalação, “não há uma língua portuguesa, há línguas em português. A língua portuguesa é um corpo espalhado pelo mundo”.
A instituição também tem buscado destacar a diversidade da língua portuguesa falada no Brasil por meio de sua exposição principal e de outras atividades, como mostras temporárias, saraus e visitas temáticas organizadas pelo Núcleo Educativo com escolas e grupos de diferentes perfis.
Isto se dá em experiências inéditas como o Falares, na qual depoimentos de pessoas das mais diversas origens e regiões do país comentando como se relacionam com a sociedade por meio da língua são apresentados em totens em tamanho real.
Ou em instalações que já existiam e passaram por reformulação, valendo‑se de novas tecnologias e formas de interatividade, como acontece na Português do Brasil, que narra justamente a história da língua desde o Império Romano, passando pela colonização e contato com outras referências culturais, até os dias atuais, quando começa a ser transformada pela forma com que nos relacionamos com as redes sociais, por exemplo. Na instalação Palavras Cruzadas, descobrimos a origem e o significado de dezenas de termos de nosso vocabulário vindos de outras línguas.
“Nosso objetivo é mostrar como a língua portuguesa que falamos hoje é resultado da influência de inúmeras outras, sobretudo as indígenas, as dos negros que vieram para o Brasil escravizados e as dos imigrantes que passaram a chegar a partir do século 20, resultando em uma língua em constante transformação”, afirma Renata Motta, diretora‑executiva do Museu da Língua Portuguesa.
Mostras temporárias realizadas desde a reinauguração, como a Língua Solta (julho a outubro de 2021), Sonhei em português! (novembro de 2021 a junho de 2022) e Nhe’ Porã: Memória e Transformação (atualmente em cartaz), colocam uma lente de aumento em questões abordadas na exposição principal.
“Se a Língua Solta borrava os limites entre arte contemporânea e popular por meio de obras de artistas consagrados e objetos encontrados nas casas de pessoas comuns, a Sonhei em português! evidenciou de que forma os imigrantes continuam sendo
peças fundamentais na metamorfose da língua portuguesa atualmente.
Já a Nhe’ Porã mostra que o Brasil, diferentemente do senso comum, é um país multilíngue, afinal de contas são faladas mais de 175 línguas de povos originários neste território”, pontua Marília Bonas, diretora‑técnica do Museu.
Este artigo está escrito em Português do Brasil.